Num café_ II

Era eu sim. De novo naquela cidade fria, e desgostosa... Eles reconheceram-me, mesmo tendo a face marcada pelo desgosto.
Não era mais eu o jovem que irradiava a alegria e a força.
Fui obrigado a desistir de sonhos. Não balançava mais o corpo, entre o mágico e o meu mundo perfeito.

Tu olhavas me incrédula. Era do milagre. Não morri, não.
Alguém me matou a esperança de morrer.
O café tornou-se insuportável para mim, o espaço apertava-se e o teu olhar fixo em mim fazia-me fraquejar. Não era mais eu.
Sai porta fora. Desesperado. Corri até ao fundo da rua. A minha cabeça gritava socorro. O frio aquecia-me a raiva. Parei, apoiado com aos mãos nos joelhos. Uma mão no meu ombro. Virei a cara, eras tu. Seguiste-me. O que significava teres saido do café para vires atrás de mim?! Não sabia mais ler-te os pensamentos. A ligação havia sido queimada.
Não proferiste uma única palavra, mais uma vez apenas me olhavas... O que esperas de mim?!

'Não morri...' disse-lhe.
Estava a seguir o meu caminho.
'Espera...'
'Para quê?'
'Fazias-me viver...'
'Tu fizeste-me morrer.'

Apertou me com todas as forças que tinha. Eu não correspondi, tornei-me demasiado frio para isso.
'Podemos falar?'
'Podes falar...'

Seguimos o caminho do parque, em direcção ao lago. A água estava em gelo. Brilhava à luz da lua.
Chorei em silêncio.





[to be continued...again.]

Comentários

  1. "Não sabia mais ler-te os pensamentos. A ligação havia sido queimada."

    Adorei estas 2 frases e os diálogos. Quantas vezes gostava de voltar a ler os pensamentos nos
    olhos que antes conhecia de cor...

    Estou ansiosa pela continuação, deixaste-me na expectativa ;) meu Santi escrevidor*

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